sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Carta argumentativa

Pobre e depressão, qual a relação?
Natal, 20 de outubro de 2011
Olá blogueiros de plantão, estou de volta com mais assuntos e opiniões polemicas para argumentarmos e discutirmos. Hoje o assunto é a auto-estima dos pobres. Um assunto que pode parecer estranho de início, mas que vai faze-los pensar melhor sobre a sociedade e a psique humana e social.
É interessante e hilário assistir ao único quadro que realmente vale a pena no programa bizarro “Zorra Total” da Rede Globo, Valéria Vasquez e Janeth Silva. A trama é sobre um auxiliar doméstico (“auxiliar de poeiras e detritos”, como ele acha chic se intitular) travesti malvado e escarnecedor, Valéria (ex-Valdemar) e sua amiga retardada, Janeth. Janeth, que tem uma mania ótima de tentar falar em inglês, no último sábado reclamava à sua amiga no metrô que havia entrado em depressão por causa do fim de um relacionamento que durou quarenta minutos. Motivo ridículo para algo tão sério? Não para ela. Apesar da conotação cômica da situação, a posição da empregada doméstica diante de algo comumente considerado básico e banal, pode nos fazer pensar e procurar explicações sociológicas e psicológicas (as matérias que mais amo!).
O fato é que até Getúlio Vargas, a classe pobre brasileira estava ocupada demais tentando reverter a tradição de injustiça social e miséria herdade da colonização para pensar em seus sentimentos e subjetividade. Eles nem mesmo se concebiam como indivíduos! Acompanhamento psicológico em postos de saúde? Absurdo! Perda de dinheiro do governo! Eles não eram nem um pouco introspectivos e não viviam suas vidas intensamente como hoje, apenas sobreviviam.
No tocante a outros presidentes, Lula e Dilma, vemos que a miséria tem sido, aos poucos (com muita lentidão) erradicada e as classes D e E tem ascendido e tornado-se C. O poder de compra aumentou bastante e hoje, com um salário mínimo por mês é possível comprar celular, TV de plasma e até um carro popular! Isso significa que pobres tem mais tempo livre, acesso a bens de consumo dinâmicos e, por conseguinte, se conhecem mais. Sim, faz todo o sentido. Hoje eles se vêem como seres humanos, complexos e cheios de sentimentos e ânsias, aspirações e decepções. Não apenas sobrevivem, mas gozam de uma vida de conforto. Possuem acesso a novos conhecimentos, entretenimento, a culturas variadas (a exemplo da Janeth) e à ciência psicológica. Enfim, hoje pobre tem depressão!
Alguns talvez não saibam a diferença entre estar deprimido (mais provável estado de espírito de Janeth) e uma depressão propriamente dita. Sim, há diferença. Deprimido, como já disse, é um estado de espírito, como estar alegre. Por outro lado, depressão é um estado de maior duração, o qual possui, maioria das vezes, mais de uma causa; ou seja, vários acontecimentos convergem para colocar uma pessoa nessa situação. Sendo feliz, um sentimento que define um longo período de tempo (quando usamos “feliz”, geralmente usamos o verbo ser e não estar), a depressão poderia ser seu antônimo.
Vocês têm que concordar que apesar de essa condição ser algo ruim, é bom que os pobres entrem em depressão de vez em quando. Isso os torna mais humanos e indivíduos cientes de si próprios, de quem são e de quais são suas limitações. Ainda, é bom que, unida, nossa sociedade tenha abraçado o desenvolvimento e a modernidade e subsidiado seus cidadãos, mesmo os desfavorecidos, a serem indivíduos humanos e conhecedores do seu eu interior. Este é um principio básico para uma vida plena, conhecer a si próprio.
Portanto, até que a medíocre e ordinária Rede Globo me foi útil em alguma coisa. Espero que eu a tenha feito útil para vocês também, blogueiros. Espero que pensem sobre isso e me respondam com mais argumentos (a favor ou contra minha opinião); espero tecer ótimas discussões com vocês. Sei que será um prazer enriquecedor. :D
Abraços.
Diego Magalhães

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